Entorpecimento
Vem o confrade Jansenista recordar o estado «feliz mas embrutecido» com que antigamente retornava das suas férias ao norte de Lisboa. Fico contente por não ser o único.
Ainda tenho na memória a dificuldade que sentia em articular uma frase mais conseguida depois de três meses de Ericeira. Mas nada me é mais grato que recordar aqueles tempos em que, já em Julho, me começava a saturar da praia e, então, desviava a atenção para passeios de bicicleta pela Lapa da Serra até Fonte Boa dos Nabos ou para as tardes passadas no parque de St.ª Marta.
Ditosos tempos em que três meses era pouco tempo para explorar todo um mundo por descobrir. Para passar as manhãs nas rochas de S. Sebastião a apanhar mexilhão. Para queimar tardes jogando pingue-pongue no Clube Naval. Para ir ver o pôr-do-sol no Lizandro, brincando pelas dunas. Para gozar as amizades de Verão; fabricadas no momento, despidas de outro interesse se não o de desfrutar inconscientemente aquele período de liberdade.
Saudades, enfim, do tempo em que era o mundo a passar por nós, ao ritmo das estações.
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